Há duas formas básicas para se apreender a realidade. Em outras palavras: é possível entender o mundo de duas formas. Depende sempre do método de estudo adotado pelo cientista-observador.
Idealismo: Muitos teóricos partem do pressuposto que o mundo real deve seguir a um modelo pré-existente, criado previamente. Segundo este tipo de teórico, existiria um mundo ideal anterior ao mundo real e aquele mundo ideal determina. Trata-se de uma abordagem idealista da realidade. O idealista até vê o mundo real, mas afirma que o mundo ideal é o mundo perfeito, ao qual o mundo real deve ser posto à imagem e semelhança. Esse mundo ideal é sempre descrito pelo teórico em todas as suas qualidades e características, mas elas não são provadas. O mundo ideal é pressuposto, é apresentado como um modelo, um ponto de partida que deve ser levado em conta para avaliar o mundo real.
Realismo ou materialismo: Muitos teóricos rejeitam a existência de um mundo ideal prévio. Preferem considerar que este mundo é o único que existe, ou o único que deve ser considerado para fins científicos: por exemplo, não é preciso negar a existência de Deus, apenas não se quer considerar a existência da vontade de Deus como a resposta para qualquer pergunta, que deve ser respondida com base na realidade material deste mundo e não na de outro mundo ou outra dimensão da realidade. Este mundo é a base de toda e qualquer especulação feita pelos realistas.
Além daquelas duas formas de apreensão da realidade, idealismo e materialismo, o cientista sempre orientará seus estudos por meio de duas formas de análise:
Racionalismo: parte-se do pressuposto que não existe nada no mundo real que não tenha sido previamente pensado por alguém. “Penso, logo existo” (R. Descartes) ou “Tudo o que é real é racional” (GWF Hegel) são duas frases que dão o tom dos teóricos que consideram a prevalência dos “olhos da mente” em qualquer estudo. Primeiro, pensa-se sobre o objeto de estudo. Depois é que se vai verificar se o objeto de estudo está adequado ao raciocínio. Em geral, o raciocínio do racionalista é dedutivo, isto é, parte sempre do universal em direção ao singular.
Empirismo: parte-se do pressuposto que não há nada no intelecto que não tenha antes passado pelos sentidos (sim, pelos 5 sentidos). Dá-se prevalência para a análise do objeto de estudo a partir da experimentação. Antes de se pensar sobre qualquer objeto, o empirista toma contato com o objeto e só depois tira suas conclusões, só depois desenvolve ideias sobre ele. Em geral, o raciocínio do empirista é indutivo, isto é, parte sempre do singular em direção ao universal.
Apenas para facilitar, os idealistas costumam ser racionalistas e os realistas costumam ser empiristas. Claro que existem exceções.
O pensamento de vários teóricos, cujas obras foram fundamentais para o desenvolvimento da sociedade moderna e, por consequência, para o desenvolvimento da ciência política e da teoria geral do Estado. Ao identificarmos tais pensadores como idealistas ou materialistas, racionalistas ou empiristas, podemos perceber as razões e condições históricas que os levaram a estruturar seu pensamento de uma forma ou de outra, o que facilita a própria compreensão da evolução tanto da sociedade quanto do Estado, tanto da ciência política quanto da teoria geral do Estado ou do direito.