Trivial – os educadores medievais reconheciam 7 artes liberais divididas em 2 grupos: as 3 elementares, denominadas em latim como o trivium de tri (três) + via (caminho) e as outras 4, mais elevadas, denominadas de quadrivium (4 caminhos). As artes do trivium eram a Gramática, a Lógica e a Retórica. As artes do quadrivium eram: Aritmética, Música, Geometria e Astronomia.
Em paralelo, o adjetivo trivialis do latim, além de referir-se às 3 artes do trivium, tinha também o significado de comum, ordinário. Ou seja, a qualidade pertinente a um ponto de encontro, a uma junção de três vias ou caminhos. Isto presumivelmente porque em tais locais públicos, por onde todo mundo passa, as pessoas eventualmente paravam para uma conversa inconsequente, para botar a fofoca em dia. Seja pela noção de que as artes do trivium talvez fossem menos importantes, ou porque nas esquinas e nos pontos de encontro de estradas as pessoas acabam parando para conversar sobre acontecimentos cotidianos, assuntos de pouca importância, o fato é que a partir de fins do século 15, a palavra trivial (de ortografia idêntica em português) passava a ser usada em inglês, assim como também em português, com o sentido de comum ou ordinário.
Bárbaro – vem do grego barbaros, uma palavra onomatopéica para referir-se aos estrangeiros cujas línguas os gregos não entendiam e interpretavam como bar bar bar (semelhante a ‘blá blá blá’ em português). Revela o preconceito lingüístico dos antigos gregos, os quais, apesar da grande contribuição deixada para a humanidade nas artes e nas ciências, negligenciaram totalmente o estudo de línguas e culturas diferentes da sua. Posteriormente, a palavra passou a ser usada com a conotação de ‘rude, incivilizado’, e é com esse significado que acabou sendo transmitida para as línguas modernas.
Bíblia – a origem da palavra é remota. A forma mais antiga de livro de que se tem notícia era um rolo de papiro, planta abundante às margens do rio Nilo, usada pelos antigos egípcios, gregos e romanos para escrever. A palavra grega para papiro era biblos, derivada do nome do porto fenício de Byblos, hoje Jubayl, Líbano, através do qual o papiro era exportado. O plural de biblos em grego era ta biblía, que significava literalmente ‘os livros’, e que acabou entrando para o latim eclesiástico para designar o conjunto de livros sagrados que compõem a bíblia.
Educar – vem do latim educare, por sua vez ligado a educere, verbo composto do prefixo ex (fora) + ducere (conduzir, levar), e significa literalmente ‘conduzir para fora’, ou seja, preparar o indivíduo para o mundo. É interessante observar que o termo ‘educação’ em português possui uma conotação não encontrada na palavra education do inglês. Enquanto que em português a palavra pode ser associada ao sentido de boas maneiras, principalmente no adjetivo ‘educado’, em inglês educated refere-se unicamente ao grau de instrução formal.
Salário – vem do latim salarium, significando ‘do sal’. Isso se explica porque os soldados do Império Romano recebiam uma quantia periódica para compra de sal, uma mercadoria de grande importância e alto valor na época. Além de servir para melhorar o sabor dos alimentos, servia para melhor conservá-los, numa época em que não havia refrigeração.