Nas eleições de 1998 de nossa corporação, tive a honra de compor uma das chapas concorrentes ao Conselho Secional, mais exatamente a encabeçada pelo grande advogado, Clito Fornaciari Jr. que até hoje honra-me com sua amizade.
Travávamos nós a “luta do tostão contra o milhão”; faltava à nossa chapa todo e qualquer suporte econômico-financeiro que de longe pudesse habilitá-la materialmente à disputa, fato esse que contrastava fortemente com a indisputável qualidade e adequação de seus componentes; assim, íamos levando a campanha da forma como dava, contando exclusivamente com o voto consciente dos verdadeiros advogados que por isso mesmo identificavam-se com nossas propostas que nem sempre lhes chegavam na medida em que até mesmo dinheiro para impressão e postalização de nossas mensagens havia.
Nessa batalha de David contra Golias, contei com o auxílio, com a indispensável ajuda do querido companheiro de todas as horas que considero como a um irmão e a quem, aqui, mesmo modestamente não posso furtar-me prestar justa e devida homenagem, o ADVOGADO (assim mesmo, com letras maiúsculas), Carlos Benedito Pereira da Silva que não poupou esforços e sacrifícios pessoais na consecução de nossos objetivos.
Sempre às nossas expensas lá íamos nós, eu e o Carlos, em campanha pelo interior do Estado de São Paulo conversando com os colegas, tomando pé das condições operacionais de cada subseção, diagnosticando problemas, propondo soluções e naturalmente solicitando votos.
Dado momento, o comitê central agendou reunião com os advogados de Santa Bárbara D’Oeste e lá fomos nós; felizes porque o Clito também se faria presente; ele sairia de São Paulo e nós de Rio Claro. Marcamos encontro às 12:00 horas na Casa do Advogado daquela cidade onde havia previsão de almoço com a diretoria local.
Todavia, “como sói acontecer a casos que tais” (gostaram?), em meio à natural e democrática confusão de qualquer campanha eleitoral, a comunicação deu-se de forma truncada e nós ficamos sem o endereço e os telefones da Casa do Advogado…
Era um meio dia chuvoso, com pouca gente à rua que inobstante a boa vontade era por demais modesta nas informações, que, afinal, levaram-nos a um bairro nas imediações do centro, onde um transeunte, morador daquelas plagas nos afirmava convictamente que a Casa do Advogado situava-se na próxima esquina.
No local havia um sobrado bastante amplo, sem gradís, com bonito jardim, donde, qual árvore, saía do gramado um suporte de concreto com marcas de que sobre ele houvera sido retirada uma placa identificadora e nas imediações havia pelo menos uns cinco ou seis automóveis estacionados.
Chovia muito, colocamos o carro logo à frente do prédio e corremos para o seu interior. A porta não estava trancada, foi só acionar a maçaneta e logo à entrada nos surpreendemos com a qualidade dos móveis, quadros, e objetos decorativos. Rica subseção !
Fomos entrando, mais e mais em busca de colegas e… nada ! Havia uma espaçosa sala e por sobre uma grande mesa, encontravam-se pratos postos e recipientes fumegantes com delicioso aroma; tudo pronto para o nosso almoço. Que recepção !
Mas onde estariam os colegas ? Com certeza nas dependências superiores ! Porém como havíamos chegado de viagem, por primeiro visitamos o banheiro, depois a cozinha para o “tradicional” copo d’água e com o Carlos refestelado numa das poltronas da sala principal, iniciei por subir as escadas que davam acesso ao andar superior, donde provinham sons de conversas; porém quando pisei no primeiro degrau fui surpreendido com o grito horrorizado de um adolescente que na ponta superior da escada preparava-se para descê-la.
Em pânico, sem nos dar a menor chance de falar, quase que aos prantos, com os braços estirados para cima, o jovem suplicava que não lhes fizéssemos mal algum.
Só e aí nos demos conta de que não estávamos na Casa DO Advogado, senão na casa DE um advogado !
Passado o susto, desfeito o mal-entendido e apresentado o necessário e constrangido desagravo aos moradores, já de posse do endereço, fornecido pelo advogado dono da casa que, por sinal, era da oposição, finalmente saímos da casa DE um advogado para a casa DO advogado.
Coisas da política…
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